domingo, outubro 31, 2004

A Fogueira

Enquanto olhava para a fogueira a crepitar, ele lembrava-se do que lhe tinha acontecido nestes últimos meses. Perdera tudo.... O seu exército, as suas terras, o seu amor... não lhe restava mais nada. Sentia-se com vontade de desistir e enfiar na sua própria garganta o seu punhal, o mesmo punhal que ele usou para matar outras pessoas. Sim, ele matou muita gente, mas ninguém as contou. São tempos complicados que vivemos, tempos em que a vida humana não tem valor. Ele encolheu-se com um barulho, sentia medo que a fogueira atraísse companhia indesejada, mas também tinha medo do escuro. Sim, o terrível guerreiro estava com medo do escuro, com frio, com fome, com tristeza, com preguiça.... Perdera tudo.
O punhal era belo à luz do fogo, aliás tinha sido um bom amigo. O guerreiro sorriu, lembrou-se das glórias passadas, foi uma vida cheia apesar de ainda ser jovem e de ter perdido tudo, sem hipóteses de recuperar..... O que é que ele tinha? Um punhal, uma espada, um cavalo, uma cota de malhas, um elmo.... E uma voz interior...
Voz interior? O que está a dizer a voz interior?
"Tens dois braços, duas pernas, dois bons olhos, a força para lutar, e acima de tudo tens o orgulho"
ORGULHO!!!!!!!!!
O guerreiro levantou-se de repente desembainhou a espada e ergueu-a alto no céu lançando um grito de raiva... foi o 1º som que emitiu depois da perda. Tinha orgulho e tinha raiva, muita raiva, e com a raiva veio o desejo de vingança. VINGANÇA!
Ele sabia que ia ter dificuldade em adormecer, estava muito excitado. Em vez de querer provar o aço do punhal, estava com o sabor da vingança, ele não tem medo de morrer e se morrer, prefere morrer a lutar, a endireitar o mundo.
O mundo não sabia, mas a floresta soube... O guerreiro nórdico voltou e vai lutar....
Entretanto, alguém andava perto.... (tem continuação)