terça-feira, novembro 23, 2004

A Ordem do Dragão

Tea assustou-se e levantou-se de repente ao ver aqueles homens a caminhar na direcção dela. Sentiu-se agarrada por trás, mas conseguiu com o calcanhar mandar um pontapé no meio das pernas do guerreiro que a agarrou. Este soltou um palavrão, mas conseguiu continuar a agarrar Tea porque esta deixou de se debater por ter uma espada encostada à garganta.
Rjck apercebeu-se dos sinais de luta e ignorou o dragão. Desembainhou a espada e lançou-se ao ataque. Parou perto daqueles quatro homens espantado. Ele não conseguiu acreditar que eles estavam ali. Aqueles quatro homens eram capazes de derrotar uns vinte e se calhar até mais. Ele conhecia-os bem, aliás conhecia-os muito bem.
Um era Rufus, hábil manuseador da espada e da adaga. Uma adaga é do estilo de uma faca comprida, que usada em conjunto com a espada, dá uma combinação letal. Rufus era especialista no corpo a corpo também, e o seu corpo magro com a sua baixa estatura davam aos seus inimigos um excesso de confiança que ele utilizava a seu favor.
Depois era Ljpe. Um loiro de cabelos compridos, mais alto que Rjck. Usava uma espada também. Uns dos melhores lutadores de espada que Rjck já conhecera.
Seth era um monstro autentico. Muito alto e musculado. Mais forte que um urso. Especialista em usar uma alabarda que ele próprio construiu. A alabarda era uma mistura de uma lança com um machado. Tinha um cabo comprido que permitia atacar ao longe, que combinado com a força de Seth, era capaz de rachar uma pessoa ao meio, ou com o espigão era capaz de furar uma armadura. A alabarda de Seth fazia lembrar um machado de duas faces com um espigão medonho em cima. Era a combinação perfeita da força com a técnica.
Por fim Yon. Ex-gladiador e escravo. Fora trazido de África em criança e iniciado a matar muito cedo. Usava um pesado martelo como arma principal. Era capaz de partir ossos a um cavaleiro que usasse uma armadura.
Cada um daqueles quatro guerreiros era um oponente de respeito, os quatro juntos eram quase imbatíveis.
Cada um deles tinha uma alcunha. Rufus era a raposa. Usava muito a inteligencia e a matreirice a seu favor e tinha tido sucesso até então. Numa luta era capaz de fazer o inesperado. Para o derrotar tinham que ter 100 olhos, mas ninguém tinha.
Ljpe era o anjo. Sempre com um aspecto limpo, asseado e cuidado, não parecia ser um oponente duro, mas quem o visse a lutar com a espada, mudava logo de opinião.
Seth era a besta. Este guerreiro tinha uma força descomunal e era capaz de pegar numa espada de duas mãos e usa-la com uma mão só. Ele fazia jus ao nome.
Finalmente Yon era o demónio negro. O aspecto dele assustava os outros. Havia poucas pessoas com a tonalidade da pele dele, e quando ele usava as pinturas de guerra da sua antiga tribo e entoava os seus cânticos, os inimigos dele diziam que ele era o demónio, ele nunca se importou com isso, nem quem lutava ao lado dele.
E aí estavam eles. De um lado, Rufus com cara de furioso a segurar Tea, Ljpe com a espada apontada ao pescoço dela, ladeados de Seth e Yon.
Rjck também tinha uma alcunha. Era o guerreiro nórdico. Ele não era um guerreiro qualquer, era "O Guerreiro" e estava com a espada desembainhada.
Rufus largou Tea que foi correr para trás de Rjck e disse:
- Só mesmo o guerreiro nórdico era capaz de descobrir uma mulher num sítio destes.
Todos desataram a rir e abraçaram Rjck que largara a espada. Rjck estava feliz e incrédulo.
- Disseram-me que vocês tinham morrido todos, o que se passou?
Ljpe respondeu a rir:
- A morte chegou à nossa beira, olhou para o Yon e borrou-se de medo.
Foi a gargalhada geral. Tea ainda estava desconfiada, pensou que era desta que eles iam morrer, e afinal eram amigos. Afinal, bem vistas as coisas, eles não pareciam ser tão ameaçadores agora. As aparências iludem, nesta vida não se sabe quem são os amigos ou inimigos... Eram tempos difíceis.
Os quatro guerreiros disseram:
- As nossas armas são tuas, o que tu mandares, elas fazem.
Rjck sorriu, estava junto dos seus melhores amigos, eles tinham vindo procura-lo. Rjck além de amigo era o líder deles e disse:
- Levantem-se. Se não fosse por nada, até vos beijava hoje. Mas gostava que fizesses uma coisa Ljpe. Gostava que pintasses uma nova insignia nos nossos escudos. Um dragão.
Ljpe acedeu, ele era um artista e gostava de pintar e cantar. Era a versatilidade em pessoa.
Eles levantaram-se e Seth perguntou:
- Cheira bem, tens alguma coisa que se coma?
Tea respondeu:
- Carne já não temos, mas se quiseres podes molhar o pão naquele molho.
Rjck soltou uma gargalhada sonora...

terça-feira, novembro 16, 2004

O Dragão

Rjck regressou com dois coelhos e com várias ervas para o jantar. Ele estava encantado com o facto de fazer o jantar para duas pessoas e pensou em esmerar-se. Não que estivesse habituado, mas costumava muitas vezes brincar na cozinha do seu antigo castelo e tinha interesse no que as cozinheiras faziam. Um bom guerreiro tem que ter força no braço e na cabeça, era isso o que Rjck pensava, e ele tinha ansia de saber tudo acerca qualquer assunto.
Assou os dois coelhos numa fogueira (estava a começar a ficar escuro, Rjck tinha dormido quase um dia inteiro) e fez o molho num recipiente que os gladiadores tinham.
Tinham obtido um bom saque deles. Além de umas armas, tal como mangual, espadas e punhais, também ficaram com elmos, e também muitas moedas de ouro, o que poderiam dar jeito mais para a frente. Mandara Tea buscar água. O riacho era perto e a água era boa para beber. Era límpida e parecia cantar ao percorrer o seu caminho no leito.
De dia a floresta parecia um local de sonho, à noite de pesadelo, assim a escurecer era um sítio misterioso. Haviam movimentos e ruídos estranhos. "São as criaturas da floresta", dissera Tea "Só nos fazem mal se nós fizermos mal à floresta". Rjck não se acreditara, ele já tinha visto muita gente a fazer mal a florestas e não lhes tinha acontecido nada,
Quando Tea chegou com a àgua, o jantar estava pronto. Rjck já tinha partido os coelhos e disse a Tea para mergulhar os bocados de carne naquele estranho molho pastoso.
O jantar tinha mau aspecto mas estava muito bom. Ou talvez fosse a fome. Em pouco tempo devoraram tudo, até os ossos. A noite estava linda. Viam fadas a cantar de mão dada à volta deles, as árvores dançavam, as flores falavam, e eles riam tontos. Muito tontos e muito zonzos sempre a rir. Parecia que "os sons tinham cor e a cor tinha sons".
Tea a rir perguntou:
- O que é que este molho levava?
Rjck estava eufórico
- Levava um pedaço do céu, ervas e cogumelos, adoro cogumelos.
- Parvo - disse Tea a rir como uma perdida - usaste cogumelos alucinógenos. Ah ah ah ah ah ah
Rjck não sabia de que é que ela se estava a rir, mas acompanhou-a. De repente ficou sério e disse:
- Vou andar naquele dragão que está a dormir. Nunca andei de dragão, dizem-me que é uma sensação única.
Tea deitou-se no chão a rir, não aguentava mais. Ao ver com os seus olhos lacrimejantes Rjck a caminhar para a escuridão, ainda se riu mais alto.... Talvez tivesse sido o que chamou a atenção a 4 homens enraivecidos e fortemente armados que se aproximaram deles sem eles terem dado conta.

domingo, novembro 14, 2004

O Interrogatório

Rjck acordou bem disposto. Já não tinha um sono tão repousado há várias noites. Tentou espreguiçar-se, mas viu que estava com as mãos amarradas. Aliás, ele estava preso a estacas de mãos e pés afastados, estava numa posição vulnerável, mas não teve medo, o guerreiro nórdico não tinha medo de nada.
As pessoas que não têm medo de nada ou são loucas, ou não têm nada a perder, se calhar Rjck era as duas coisas.
Ele viu que estava uma mulher com cara séria e desconfiada a olhar para ele e Rjck sorriu:
- Não me vais soltar? Preciso de coçar o queixo.
- Posso matar-te se me apetecer, e mato se não me responderes ao que quero saber - disse a mulher.
Ela era uma mulher relativamente alta. Aliás era uma jovem, e notava-se mais a beleza dela, agora que tinha tomado banho no riacho. Tinha os cabelos escuros e encaracolados, era magra, pernas longas e tinha a pele branca e bem tratada. Não deveria estar em cativeiro há muito tempo.
- Como te chamas? - perguntou Rjck
- Tea, mas sou eu que faço as perguntas, quem és tu?
Rjck sorriu, sabia que não corria perigo, nem se iria preocupar em soltar. Sabia que Tea estava impressionada com a confiança dele.
- Vais demorar muito a soltar-me?
- SE NÃO ME RESPONDES AO QUE TE PERGUNTO, LEVAS UM PONTAPÉ TÃO GRANDE QUE ATÉ FICAS SEM PODER TER FILHOS. - gritou Tea com esperança que Rjck se intimidasse.
Rick fez uma cara de sofrimento, o que fez Tea sorrir, e disse:
- Não grites que isto tá cheio de inimigos, e além disso, uma pessoa bateu-me na cabeça pouco depois de eu a salvar.
(Guerreiro Nórdico, o campeão da insolência)
Tea ficou de boca aberta. Sabia que tinha sido uma ameaça convincente, mas mesmo assim aquele estranho guerreiro não se atemorizou. Não era muito alto, mas tinha um corpo forte e marcado por lutas. Só que aqueles olhos não enganavam, ele tinha um grande fundo de bondade.
Rjck notou que Tea estava a perder a postura. Ela tinha uns olhos castanhos que eram do mais expressivo que ele tinha visto ate aquele momento da sua vida. Conseguia ler os seus pensamentos e voltou a insistir:
- Anda lá solta-me que estou com fome e preparo-te o jantar. Depois digo-te o que queres saber.
Tea estava confusa. Sabia que tinha sido ele o salvador e só lhe tinha batido com um pau porque precisava de bater em alguém, mas mesmo assim aquele guerreiro era um homem, e ela desconfiada. Finalmente acedeu:
- Solto-te, mas se tentares alguma coisa, mato-te.
Rjck soltou uma gargalhada, não se ria nem falava há uns dias e estava nitidamente bem disposto. Quando Tea o soltou, Rick sentiu o punhal nas costas:
- Vai buscar e preparar o nosso jantar, foi o combinado.
Rjck sorriu e fez um gesto afirmativo com a cabeça. Começa a afastar-se e Tea grita:
- Quem és tu afinal?
Rjck vira-se para trás, encolhe os ombros e faz uma careta de gozo e vai à busca de comida.
Era o guerreiro nórdico a voltar ao antigamente.

quinta-feira, novembro 04, 2004

O encontro

Foi tudo muito rápido... O nosso guerreiro nem precisou de raciocinar para entrar em acção. Os instintos animalescos vieram ao de cima e com uma rápida corrida cortou a garganta ao primeiro inimigo. Eram três. O segundo não teve tempo de utilizar a arma porque com um movimento de cento e oitenta graus foi rapidamente decapitado.
O ultimo inimigo nem quis acreditar. Quem era aquele que em poucos segundos matou dois dos melhores lutadores que conhecia? (Era o guerreiro nórdico, e tinha sede de vingança).
Era um gladiador experiente, aliás eram os três gladiadores experientes e traziam uma mulher como prisioneira. Rjck já ouvira falar deles, eram gladiadores e mercenários que espalhavam o terror pelas aldeias e destruíam-nas. Matavam todos menos as mulheres que escolhiam para escravas sexuais, até estas deixarem de lhes interessar e serem mortas também.
Rjck sempre fora da opinião que um guerreiro tinha por dever ajudar os mais fracos, lutar pelos que não se podiam defender, tornar o mundo mais justo... Perdera tudo, ou talvez não, ainda tinha os valores morais (e a vontade de se vingar).
Os dois lutadores olharam-se nos olhos... Rjck viu à sua frente um homem de cabelo rapado com quase dois metros de altura, e com um peso considerável. Apesar do excesso de gordura, tinha um corpo forte e pelas cicatrizes já deveria ter sobrevivido a algumas lutas. Como arma tinha um mangual, uma arma um pouco tosca, mas muito eficaz, era capaz de esmagar um crâneo, esfarelar um osso.....
Rjck não poderia sofrer nenhum golpe, senão sabia que era fatal. Simula um avanço, vê que o gladiador brandiu a arma antes de sentir o vento quando aquela bola de aço passou a poucos centímetros da sua cara. O guerreiro não se atemorizou, já esteve perto de perder a vida por diversas ocasiões e até esteve em situações mais apertadas que aquela.
O gladiador perdeu a posição e o equilibrio o que fez com que Rjck o pontapeasse no estomago e lhe desse com o punho da espada na nuca, deixando-o por terra. Rjck colocou um pé no peito do gladiador e encostou-lhe a espada junto à garganta.
- Posso saber ao menos quem é o homem que me vai tirar a vida?
Não obteve resposta. Rjck prometeu a si próprio não ter piedade de nenhum inimigo, acabaria com todos, perdoar e poupar a vida a Fobos tinha sido um dos seus maiores erros, mas cometera mais....
Rjck foi soltar a mulher. Estava amarrada com as mãos atrás das costas, e vendada. Devia estar assustada porque tinha ouvido os sinais da luta rápida mas violenta. Rick soltou-a das cordas com o punhal e tirou-lhe a venda. Foi revistar os bolsos dos homens e encontrou algumas moedas de ouro.
Foi a ultima coisa que viu antes de sentir a paulada na cabeça e perder os sentidos .....