terça-feira, março 08, 2005

O Rei da Guerra Não Convencional

Durante aqueles dez dias os nossos guerreiros trabalharam imenso. Com a ajuda da população local ainda conseguiram consertar zonas da muralha mais vulneráveis e connseguiram aumentar para o dobro o escasso exército. Eram uma força de quase cem homens, contra uma força de quase mil. Diversos relatos chegaram aos ouvidos de Rjck acerca da crueldade de Lunaris, mas pelo menos as tréguas de dez dias foram cumpridas. Logo no primeiro dia Rjck surpreendeu Tea ao perguntar-lhe onde eram as passagens secretas que davam para a floresta. Isso era um segredo secular que apenas a família de Tea tinha conhecimento, mas Rjck afirmou que em todas as aldeias haviam passagens secretas na casa "real".
A passagem secreta ia dar mesmo a um sítio paradisíaco no centro da floresta. Era um grande lago que tinha uma cascata e discretamente por trás dessa cascata tinha a gruta que ia dar por baixo da casa real.
Tea perguntou:
- Vais usar a passagem para os atacar por trás?
Rjck sorriu e respondeu misteriosamente:
- Vou fazer melhor que isso.
Os dias foram passando e os 5 guerreiros estavam cada vez mais tempo juntos aos segredos e a rir, parecia que a morte não os assustava e Huth estava a ganhar cada vez mais confiança e a incutir essa mesma confiança nos homens. Armas e comida não faltavam, as muralhas eram altas, e os homens eram bons. Dava para aguentar um cerco de vários meses. Talvez os milagres acontecessem.
Na madrugada em que estava previsto que chegassem as tropas de Sunaris, Rjck pediu a Huth que abrisse o portão principal. Huth perguntou:
- Vocês vão os cinco lá para fora lutar contra eles?
Rjck respondeu ironicamente:
- Claro que não, não somos malucos, e se alguma coisa correr mal? Só vão eles os quatro.
Os cinco guerreiros desataram às gargalhadas, para eles era mais uma batalha, apesar de as hipóteses não serem muito boas. Rjck despediu-se dos quatro amigos. Rufus, Ljpe, Seth e Yon foram ocuparam as "trincheiras" que eles cavaram anteriormente perto do fosso cheio de água mal cheirosa e deitaram-se calmamente à espera. Só podiam esperar.
Amanheceu e lá ao fundo começaram a aparecer os primeiros sinais do exército inimigo. Pareciam ser mais de mil, eram perto de mil e quinhentos. Um pequeno grupo de cerca de vinte pessoas estava a aproximar-se das muralhas, era sinal que eles queriam negociar.
Rjck pensou: A festa vai começar.
Rjck foi vestir um estranho manto branco que encontrou na cabana da feiticeira da aldeia e pintou a cara de uma forma medonha. Todos os soldados olharam assustados para Rjck quando ele apareceu junto deles nas muralhas. O grupo inimigo aproximou-se e Rjck perguntou:
- O que quereis?
Morcus, o porta-voz do disse:
- Viemos apresentar condições, abram o portão.
Rjck gritou:
- Condições não aceites, que a fúria dos mortos vos caia em cima.
Ao dizer isto aparecem quatro fantasmas com um cheiro nauseabundo e fortemente armados que começam a matar os sentinelas do grupo de negociadores.
Ninguém reagiu o que tornou a chacina mais eficaz, em poucos segundos os membros do grupo foram mortos o que fez com que Rjck pegasse num bordão e apontasse para o exército e gritasse:
- Ataquem pelo vingança do sangue derramado.
Não fosse o dramatismo da cena, teria sido engraçado e caricato ver um exército de mais de mil pessoas a fugir de quatro guerreiros. Os guerreiros fugiram para a floresta antes que dessem pela tramoia e foram a correr para a entrada da passagem secreta sem que ninguém se atrevesse a persegui-los.
Passado umas horas, veio outro grupo constituído por mulheres e crianças pedir para levantar os cadáveres. Rjck acedeu mas avisou:
- Se amanhã por esta hora vós ainda aqui estiverdes, verão o maior exército de álmas penadas a lutar contra vocês. As vossas almas ficaram condenadas a partir do momento em que vocês derramaram sangue na floresta sagrada.
Rjck sabia que aqueles avisos eram eficazes, mas não sabia por quanto tempo conseguiria adiar o confronto. Pelo menos deu para intimidar o oponente.
Rjck foi em direcção ao centro da aldeia quando Tea lhe perguntou:
- Onde vais?
- Vou esperar pelos homens e vou ver se os obrigo a tomar banho, aquele fosso cheira muito mal.
(continua)